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29.11.09

Uniban: a espetacular fábrica de canalhas

Manifestação dos Alunos Uniban São Bernardo do Campo.
Escrito na placa: "A instituição é séria";
"Ela mancha a imagem de todos os alunos";
"Puta, Puta, Puta"
Uniban: a espetacular fábrica de canalhas
por Mauro Carrara, em 07 de novembro de 2009
Em anúncios publicados nos jornalões paulistas de 8 de Novembro, a Universidade Bandeirante (Uniban) anuncia que decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda.
A estudante de Turismo sofreu bárbaro assédio coletivo no dia 22 de Outubro, na unidade de São Bernardo do Campo. O motivo: trajar na ocasião um vestido curto, num tom cereja.
O texto publicado pela Uniban deve converter-se imediatamente em peça de estudo para juristas, educadores, antropólogos e sociólogos.
A universidade preferiu punir a vítima e inventar uma justificativa pitoresca para o espetáculo do bullying, registrado por câmeras dos próprios alunos e vergonhosamente exposto ao mundo pelo Youtube.
Segundo os negociantes da educação, "a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".
Seria cômico se não fosse trágico. A Uniban, mais uma das uniesquinas do Brasil, considera "defesa do ambiente escolar" a agitação do bando que ameaçava estuprar a colega e que a perseguiu aos gritos de "puta, puta, puta".
Alheia a valores e princípios, a Uniban pautou-se unicamente pela doutrina da preservação do lucro. Expulsou a mocinha da periferia e manteve as centenas de vândalos que a molestaram.
Defendeu, assim, a receita, a contabilidade, mesmo sob o risco de macular para sempre sua imagem.
Em "Psicologia das Multidões", Gustave Le Bon refere-se com clareza ao fenômeno da sugestão em movimentos de multidões.
Diz ele: "Os indivíduos de uma multidão que possuem uma personalidade bastante forte para resistirem à sugestão são em número tão diminuto que acabam por ser arrastados pela corrente".

Le Bon lembra que, em determinadas situações, a multidão transforma o indivíduo civilizado num bárbaro, num ser primitivo, movido pelo instinto, que vibra com o ataque ao inimigo inferiorizado.
Poucas vezes se viu isso tão claramente quanto no episódio de 22 de Outubro. Há garotas inconformadas com a sina; afinal, não têm o corpão de Geisy. Há machões conquistadores não correspondidos, movidos pelo instinto de vingança. Por fim, a turba ignara que se diverte com a perseguição, algo muito semelhante à farra do boi.
A curvilínea e voluptuosa Geisy, que concedeu entrevistas aos programas televisivos vespertinos, exibiu-se no mesmo vestido que gerou a fúria de seus colegas de universidade.
Nada formidavelmente pecaminoso como se poderia imaginar. Aliás, fosse ela mirrada e poucos notariam a ousadia de suas vestes.
Esses aspectos objetivos da questão foram ladinamente desconsiderados pela direção da universidade.
Em nome do "negócio", a Uniban preferiu investir na fabricação de canalhas.
A decisão funciona como um sinal verde para os moralistas cafajestes de todos os tipos. Esse incentivo criminoso, pois, não se limita aos clientes da instituição, mas ao conjunto dos estudantes brasileiros.
Paulo Freire, costumava advertir os educadores com a seguinte frase:
"Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito, e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer".
No caso em debate, a Uniban fez exatamente o contrário. Desprezou o sujeito, deseducando- o. Concomitantemente, priorizou o objeto, isto é, seu negócio, o prédio iluminado vendedor de diplomas.
Dessa forma, trocou todas as regras da civilidade por um repugnante código de carceragem.
O episódio Geisy revela a decadência do ensino universitário brasileiro, transformado em oportunidade de mercado. Essa é a herança do regime militar e dos governos conservadores que o seguiram, sobretudo aquele do privateiro Fernando Henrique Cardoso.

Ironicamente, o bajulado professor uspeano de tudo fez para esculhambar o ensino público de qualidade, entregando o sagrado ofício da educação às máfias dos certificados e aos traficantes de títulos acadêmicos.
Tempos de provação. E, como formigas, os canalhas saem aos montes dessas instituições, prontos a divinizar o pensamento neoliberal e a Lei de Gérson, seduzidos à barbárie por diversão.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/mauro-carrara-uniban-a-espetacular-fabrica-de-canalhas/


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16.11.09

Honduras abala a Doutrina Monroe...

Matéria extraída da (ótima) edição de outubro da Caros Amigos (a quetem o Ferréz na capa)



Por José Arbex Jr.


A “crise de Honduras” sintetiza e ilumina um momento histórico ímparna história mundial. Pela primeira vez desde 1823, quando James Monroeformulou a doutrina que leva o seu nome (“a América para osamericanos” - quanto, de fato, tinha em mente “a América para osestadunidenses”), Washington, nitidamente, perdeu o controle e ainiciativa sobre os desenvolvimentos políticos e sociais na AméricaLatina e no Caribe.


O papel assumido pelo Brasil, nesse quadro, tem dimensão explosiva: emnome dos princípios democráticos que devem nortear a relação entre osEstados, o governo brasileiro não se limitou a “condenar” o regimegolpista, nem se contentou com sanções limitadas. Isso pode inauguraruma nova etapa na relação do Brasil com a comunidade mundial dasnações, e abrir o caminho para novos desdobramentos democráticos naAmérica Latina.


Exagero? Excesso de otimismo? Precipitação na análise política?Dificilmente. Vamos aos fatos:1. A América Latina e o Caribe tornaram-se mais importantes do quenunca para os Estados Unidos, após o fiasco no Iraque e noAfeganistão. Não “apenas” porque as reservas estratégicas de petróleoestadunidenses estão esgotadas, mas também por tudo o que representa aAmazônia em termos de reservas de petróleo, biodiversidade, minerais e água.


2. Apesar disso, Washington fracassou em todas as suas tentativasrecentes de “eliminar os obstáculos” ao seu controle da região. Nãoconseguiu tirar Hugo Chávez do poder, no golpe desferido em abril de2002; fracassou ao tentar fabricar uma guerra civil para eliminar ogoverno de Evo Morales, em 2008; e, talvez mais humilhante ainda: aotentar prolongar o acordo que permitia o funcionamento da base militarde Manta, no Equador, teve que aceitar o tapa na cara desferido porRafael Correa (o presidente equatoriano respondeu que, sim, topariarenovar o contrato, se os Estados Unidos admitissem a instalação deuma base militar equatoriana na Flórida!).


3. O golpe em Honduras se inscreve nesse quadro geral. Os golpistashondurenhos conseguiram, momentaneamente, aquilo que os demaistentaram sem sucesso. Acreditar que as oligarquias hondurenhasarquitetaram o golpe sem o conhecimento da embaixada dos EstadosUnidos é prova suprema de ingenuidade ou má fé (ou uma mistura dosdois). O embaixador estadunidense em Tegucigalpa foi colocado no cargopela turma de George Bush filho. É partidário incondicional daDoutrina Monroe. É até possível que Barack Obama tenha sido pego desurpresa, mas jamais os serviços secretos dos Estados Unidos. Emqualquer hipótese, é bastante óbvio que Washington, por mais que tenhacondenado o golpe, não ficou nada feliz com a adesão do presidentedeposto Manuel Zelaya à Alba e ao Petrocaribe.


4. Barack Obama emite sinais contraditórios e incoerentes, o que é umaprova de falta de um plano estratégico para enfrentar a situação. Oufalta de força para aplicar de forma coerente e decidida umaestratégia qualquer. De um lado, Obama proclama “o fim da era em queos Estados Unidos davam as cartas” na América Latina. De outro lado,prolonga o boicote econômico a Cuba, mantém o Plano Mérida para oMéxico e para a América Central, e o de instalações de bases militaresna Colômbia.


5. Mas Obama enfrenta uma inédita demonstração de resistência ereprovação por parte da imensa maioria dos governos latino-americanos.É nesse ponto que ganha grande relevância o papel assumido peloBrasil. Nos últimos meses, o presidente Luís Inácio Lula da Silvaemitiu claros sinais de uma “virada à esquerda” na política externa.Ao anunciar a descoberta do pré-sal, por exemplo, denunciouimediatamente os movimentos da Quarta Frota dos Estados Unidos(encarregada de “vigiar” os mares da América Latina e do Caribe),estabelecendo um nexo entre as coisas. Depois, Lula demonstroupreferência pelos aviões de guerra da França, sob alegação de que aestadunidense Boeing não transfere tecnologia. Em seguida, Lulacondenou o prolongamento do bloqueio a Cuba e declarou a intenção deinterpelar Barack Obama sobre o assunto. Finalmente, o Brasil acolheuManuel Zelaya como presidente legítimo de Honduras.


José Arbex Jr. é jornalista



Para ler o artigo completo e outras reportagens confira a edição deoutubro da revista Caros Amigos...





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Santa Blandina...



Alguém vai entender o motivo da postagem desta gravura...






'Santa Blandina' por Jan Luyken - 1660, Amsterdam...





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Três links para a Uniban de São Bernardo do Campo...


(clique nos links em suas respectivas palavras)

Aos estudantes do curso de misoginia
da UniBan de São Bernardo do Campo:

FODAM-SE...

Pichação em frente À uniban SBC


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OS CEGOS Juízes das cores [Voltaire...]

[Voltaire, em “O Filósofo Ignorante”]


Nos começos da fundação dos Quinze-Vingts, sabe-se que eles eram todos iguais e que os seus pequenos negócios se decidiam na pluralidade das vozes. Distinguiam perfeitamente, pelo tato, entre a moeda de cobre e a de prata; nenhum deles jamais bebeu vinho de Brie por vinho de Borgonha. Seu olfato era mais fino que o de seus vizinhos que tinham dois olhos. Raciocinavam perfeitamente sobre os quatro sentidos, isto é, conheciam eles tudo o que é permitido saber a tal respeito; e viveram pacíficos e afortunados tanto quanto Quinze-Vingts podem sê-lo. Infelizmente um de seus professores pretendeu ter noções claras sobre o sentido da visão; ele se fez escutar, intrigou, formou entusiastas: enfim, reconheceram-no como chefe da comunidade. Pôs-se a julgar soberanamente as cores, e tudo se perdeu.
Esse primeiro ditador dois Quinze-Vingts formou a princípio um pequeno conselho com o qual se tornou o senhor de todas as caridades. Por esse meio ninguém ousou resistir-lhe. Decidiu que todos os hábitos dos Quinze-Vingts eram brancos: os cegos acreditaram; não falavam senão de seus belos hábitos brancos, conquanto não houvesse um só dessa cor. Todo mundo zombou deles, e eles foram queixar-se ao ditador, que os recebeu muito mal; tratou-os de inovadores, de espíritos fortes, de rebeldes, que se deixavam seduzir pelas opiniões errôneas dos que tinham olhos e que ousavam duvidar da infalibilidade de seu senhor. Essa querela formou dois partidos. Para apaziguá-los, o ditador promulgou um decreto pelo qual todos os seus hábitos eram vermelhos. Não havia um só hábito vermelho nos Quinze-Vingts. Zombaram deles mais do que nunca: novas queixas da parte da comunidade. O ditador ficou furioso, os outros cegos também: por muito tempo se combateu, e a concórdia só se restabeleceu quando foi permitido a todos os Quinze-Vingts suspender o seu juízo sobre a cor de seus hábitos.

Um surdo, ao ler esta historieta, confessou que os cegos tinham errado ao julgar as cores; mas manteve-se firme na opinião de que cabe unicamente aos surdos julgar a música.


PS: Agradecimentos a Camila 'Lorelei' pela ótima indicação...

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