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29.4.10

Guaranis kaiowa: A expulsão de Nhanderu Marangatu...

Extraído da página da Tv Indigena, filme do canal educativo holandês que denuncia a expulsão pela polícia federal dos guarani kaiowá de sua terra tradicional homologada pelo presidente Lula em 2005. Depois da liminar em favor dos fazendeiros 200 policiais, dezenas de carros e helicópteros agiram de forma truculenta contra a comunidade que passou a viver na beira da estrada. Menos de um mês depois, Dorvalino Kaiowá foi assassinado por um dos pistoleiros do Fazendeiro à quem a "justiça" deu a liminar.
fonte: http://www.youtube.com/user/yvypoty





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22.4.10

O amor é livre... Entrevista Marian Pessah.


[Marian Pessah é fotógrafa e escritora feminista lésbica super ativa e integrante do coletivo Mulheres Rebeldes. 
Ela concedeu a entrevista abaixo à Leonor Silvestri, onde fala da questão do amor livre.]
 
Pergunta > Sua oficina sobre Amor Livre, no Encontro de mulheres lesbianas e bissexuais, que se realizou este ano [2008] em Rosário [Argentina] foi a mais concorrida…
Marian < Sim, foi muito louco. Sabia que iam ir muitas, mas não esperava tanto. A primeira vez que fizemos isto foi no Encuentro Lésbico Feminista de América latina y el Caribe no México com Ochy Curiel, e foi uma das mais disputadas, ou seja, não me surpreendeu tanto, de 400 mulheres mais de 100 vieram, e fisicamente não houvera mais lugar…
Pergunta > O que pensa que estão buscando as garotas?
Marian < O comum denominador das que assistiram não buscou um lugar rupturista senão veio em buscas de uma maneira de manejar os cornos. “Lhe conto ou não lhe conto se gosto desta mina ou gosto da outra?” Não vão ao ponto da questão, de porque têm que se fechar as relações. Existe uma fita que te diz “assim tem que pensar” e o repete. Também vieram muitas muito perdidas que nunca haviam escutado falar de nada disto. Há muitas que não são conscientes de que reprimem seus desejos, nem sequer pensam em seu desejo e não vão ao ponto da questão: porque tem que fechar. Por exemplo, uma garota em uma oficina me contou: “Se eu estou com alguém e outra me excita, deixo esta relação e começo uma nova”, unindo sempre sexo com namoro.
Pergunta > Existe o mito de que as mulheres são mais conservadoras…
Marian < Eu acredito no sexo sem amor, porque ai também está o mito de que nós não nos excitamos: nós queremos foder e somos sexuais, queremos sexo selvagem. Sempre que há mutuo acordo e cuidado, está tudo bem. Se eu quero que me chicoteiem e outra quer chicotear-me – porque não? -, tudo o que seja mutuamente consensual, tudo o que seja prazer consensual faz parte disto. Contudo, a oficina foi muito boa, visibilizou, denunciou e serviu para começar a falar deste tema e ademais foi a única que questionou a monogamia. Estas oficinas que eu armo são egoístas, as faço para poder entender mais. O sistema não vai se meter no meu corpo. Se algum dia estiver só com uma mulher, será uma escolha, a questão é escolher.
Pergunta > Como se diz: amor livre, casamento aberto ou relações abertas?
Marian < Eu digo amor livre, é um termo que vem da anarquia, e por isso é político, ou relações abertas, que tampouco significa um namoro, namoro é dois, é fechado. Relações que são muitas e vão e vem, é disto que falo. Para mim, amor livre e relações abertas são sinônimos. Meu trabalho enfoca-se em feministas lésbicas, nesse marco teórico. Cito o trabalho começado por Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Alexandra Kollontai ou Emma Goldman, Pizano também. Sou anarquista, quero falar deste lugar politicamente, não só da cama.
Pergunta > Porque pensa que a gente necessita de relações abertas?
Marian < Eu começaria pelo contrário: porque a gente necessita fechá-las, quando é uma imposição da sociedade que diz que há de fechá-las, e reproduzir modelos. Se fecha o amor porque a sociedade necessita organizar-nos, o mesmo que necessita a polícia e os militares. Quando falamos disto surge: “até onde vamos chegar?”. E eu mudo a ênfase e digo: “Até onde iremos chegar? Que será bom que possamos descobrir desde o amor e desde a liberdade.
Pergunta > O pratica?
Marian < Eu tenho uma relação aberta. Faz 4 anos que estamos juntas e 3 que vivemos juntas, mas desde um ano e meio atrás eu tenho viajado muito. Clarisse disse que nos agüentamos porque eu viajo, uma piada. Com Clari tenho uma relação profunda, mas em outras relações odeio hierarquizar, dizer que ela é minha relação principal, mas esta relação é mais forte e isso se dá “naturalmente”. É complicado o tema de nomear, mas se não damos nome, não existe. Tampouco sei se vamos estar toda a vida juntas.
Pergunta > Como começou?
Marian < Quando me separei, depois de uma relação de 6 anos super hermética, conheci a Clarisse e começamos a ficar juntas; até estar com ela nunca imaginei que eu fosse isto que sou hoje. Não sei como passou, mas começamos a conversar sobre fidelidade; a medida que nosso afeto crescia, eu lhe falei que não sabia como era ser fiel ou infiel e que não queria voltar àquele tipo de relação de antes porque muitas vezes reprimia o que sentia e desejava. Desde de que estou com Clari eu nunca estive com tantas mulheres e nunca amei a alguém tanto como amo ela, porque com ela descobri a liberdade. Eu gosto de mulheres, porque tenho que deixar de gostar? Há uma que amo profundamente, mas não é a única que gosto. Eu ponho palavra ao desejos, não tenho só desejo por essa única mulher, a qual deveria jurar amor eterno, temos uma relação conversada. Clarisse me disse “se um dia nos separamos você segue vivendo aqui, juntas”, nosso amor vai mais além do sexual, que de todas forma existe, que nos une.
Pergunta > Conhece outras mulheres que trabalham este tema?
Marian < Somos poucas as que vêm trabalhando isto, há algumas que o trabalham mais teoricamente, mas nunca na prática. Eu queria um grupo de estudo, além de oficinas de vivência. Eu não quero dar aulas. É mais: uma vez quisemos abrir um albergue transitório de lesbianas, porque não há, mas com um preço econômico, que não se lucre. Os espaços onde relacionar-se com uma sexualidade mais livre como fazem os homens (motéis, sex shops, saunas) se podem propor, mas sem ânimos de ganhar dinheiro.
Pergunta > Porque é tão difícil viver uma relação aberta?
Marian < É um tema que custa muitíssimo porque trata de se meter com o cimento, com a base, de ir ao fundo e não fica nada em pé: toca a família, a religião, seu pai e sua mãe, a economia e todo que te ensinaram. Vamos para além de uma relação convencional e nos unimos a destruição da família e buscamos armar núcleos afetivos, não famílias alternativas como se diz agora, que continuam com o peso tão forte do patriarcado e da igreja. Eu quero destruir, começar pela raiz. Teríamos que voltar a inventar novas formas de relacionar-se, porque até o meio arquitetônico predispõe e arma; se vivêssemos de outra maneira, em contato com a natureza, onde eu pudesse ter meu próprio espaço em comunidade, talvez se resolveria.
Pergunta > Como é o dia a dia em uma relação aberta?
Marian < Com Clari temos alguns acordos que são importantes e que não são imóveis. Por exemplo, quando juntas no mesmo espaço não flertamos. E na cidade, Porto Alegre, onde vivemos, não buscamos outras pessoas. Cada relação tem seus próprios acordos, estes são nossos acordos, cada uma terá os seus. Os ciúmes desconstroem no espaço, o ciúme é o medo de perder. Eu gosto de outra pessoa, mas te sigo querendo, e não quero escolher. Eu a ajudei a traduzir e-mails para uma mulher espanhola com a qual ela esteve. E isso nos une mais.
Pergunta > Mas você sempre volta a Clarisse?
Marian < Eu estou com ela, não volto por que não me vou. Ainda que isto gere conflito porque gera hierarquias.
Pergunta > Sua postura gera algum conflito com as pessoas que te conhecem?
Marian < Estamos cheias de moral e misoginia, chegaram a me chamar de “puta arrebentada”; e muitas não me dizem, mais sei que pensam. Algumas vezes me fazem pergunta do tipo: “e se os braços de tua Clarisse abraçam a outra mulher?” E bom -eu digo- são seus braços, não os meus, e não me pertencem.
Tradução > Antonio Henrique
Revisão > Íris Nery
Agência de Notícias Anarquistas-ANA
"No rio, a canoa
pinta em verde
o seu reflexo."
 
               Eugénia Tabosa


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O mito da caverna - animação...

No texto de Michael Ramsey, a analogia de Platão sobre abertura da mente e auto-conhecimento  na animação em milhares de fotos em altíssima resolução da arte em barro, de John Grigsby ( em inglês )



Por Michael Ramsey & John Grigsby

Bertrand Russell: "O Impacto da Ciência Sobre a Sociedade..."

"Dietas, injeções, e injunções se combinarão, desde a mais tenra idade, para produzir o tipo de caráter e o tipo de crença que as autoridades consideram desejáveis, e qualquer crítica séria a esses poderes tornar-se-á psicologicamente impossível. Mesmo se todos forem miseráveis, todos se acreditarão felizes porque os governos assim lhes dizem que são".
[Bertrand Russel, O Impacto da Ciência Sobre a Sociedade, pg 50, 1953]




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21.4.10

Agressão da GCM aos Moradores da Ocupação Mauá, em São Paulo...


E-mail recebido na segunda-feira 19 de abril, as nove horas da manhã...
"Hoje (18/04/2010), aproximadamente às 21h, após uma discussão de um dos moradores da ocupação Mauá em São Paulo com um transeunte, diversas viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) armaram um grande circo em frente à ocupação com direito a gás de pimenta, bombas, cacetetes e muita humilhação. 

Os moradores Cabelo, Zé Orlando, Rômulo, Raquel, Luciano e Manuelzinho foram agredidos pela Guarda e todos, com exceção de Manuelzinho deram entrada na Santa Casa de Misericórdia.
Testemunhas viram Manuelzinho, já rendido, sendo espancado enquanto era levado pela Guarda. Até agora ninguém sabe seu paradeiro.
A ocupação Mauá existe desde 25 de março de 2007 e abriga 217 famílias, dentre elas pessoas que tiveram bolsa-aluguel suspenso, pessoas que não tiveram mais condições de arcar com despesas de cortiço, pessoas em situação de rua e também famílias vindas da ocupação Prestes Maia, despejada em 2007. 

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/04/470103.shtml"




Ao que, de nossa parte, seguiu-se:
Curioso, mórbido e traz um nó na garganta lembrar que quase na mesma hora em que este incidente estúpido se dava, nós comentávamos sobre isso mesmo no evento em prol da ocupação Mauá... Sobre a brutalidade com que participantes  de manifestações e movimentações como esta são tratados pela polícia, pela inútil GCM e todos os seus infiltrados, olheiros, suas listas de sujeitos suspeitos e seu ódio infundado contra um povo que em nada difere deles, exceto que eles, esse povo, não atuam como cães raivosos em coleiras, tentando romper  o grilhão, somente para destroçar sem razão aparente o alvo de sua fúria...
E ontem, mais uma vez, 'esse cão' escapou à coleira...

De certa forma ( uma forma ruim, desanimadora pra muitos) já se é de esperar, vindo duma 'força' (truculência remunerada e com direito a férias e 'progressão' de carreira) que é um 'subdegrau', uma facçãozinha - a GCM - que vive de admirar e querer ser igual a uma quadrilha de fato e orgulhosamente danosa, perigosa - a PM! -  sem ter capacidade nem para tal... 


A 'proteção à população' oferecida por esses 'capitães do mato' e 'jagunços' é um serviço que efetivo mesmo, somente mediante olhares gulosos de imprensa, gravatas vistosas em colarinhos tão brancos quanto a cabeça do sujeito que a traja e poodles em colo de madames...
Caso este assunto 'siga em frente' com cobertura jornalística ( ninguém morreu esfacelado ou o rolex de nenhum 'bacana' foi levado, então achamos difícil ) podemos nos preparar para muitas versões de imprensa à la Stalin e  Grande Irmão...
Augusto Miranda ( ...PxDxV )
E de um dos conjuntos musicais participantes, Trancarua,  a letra, que bem descreve a situação toda...


"NO BICO DAS BOTAS E NOS CACETETES
A FORÇA DA ORDEM.

EM PRÉDIOS VAZIOS EM FAVELAS QUEIMADAS
A CARA DA ORDEM.

EM VIDROS BLINDADOS.
OS DONOS DA ORDEM E O SENTIDO DA ORDEM.

EM NOME DA ORDEM ALGUNS FORAM LEVADOS.
EM NOME DA ORDEM TODOS RESISTIRÃO.
EM NOME DA ORDEM PRÉDIO EVACUADO.
EM NOME DA ORDEM NOVA OCUPAÇÃO."
[Questão de ordem - Album: "Não esquecemos - Não esqueceremos"]


(...)

8.4.10

Faz uma pergunta pra gente!

Mas pode ser qualquer uma, ok? (risos)
                             Vai no Link...


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5.4.10

Notas de "Vidas Secas" ( Garciliano Ramos )... 'O Soldado Amarelo...'

[ Fabiano se depara com o mesmo policial que o humilhara, espancara em público e jogara na cadeia por uma noite...]

 "Como a gente muda! Era. Estava mudado. Outro indivíduo, muito diferente do Fabiano que levantava poeira nas salas de dança. Um Fabiano bom para agüentar facão no lombo e dormir na cadeira.
Virou a cara, enxergou o facão de rasto. Aquilo nem era facão, não servia para nada. 
Ora não servia!
- Quem disse que não servia?

Era um facão verdadeiro, sim senhor, movera-se como um raio cortando palmas de quipá. E estivera a pique de rachar o quengo de um sem-vergonha. Agora dormia na bainha rota, era um troço inútil, mas tinha sido uma arma. Se aquela coisa tivesse durado mais um segundo, o
polícia estaria morto.

Imaginou-o assim, caído, as pernas abertas, os bugalhos apavorados, um fio de sangue empastando-lhe os cabelos, formando um riacho entre os seixos da vereda. Muito bem! Ia arrastá-lo para dentro da catinga, entregá-lo aos urubus.
E não sentiria remorso. Dormiria com a mulher, sossegado, na cama de varas. Depois gritaria aos meninos, que precisavam criação. Era um homem, evidentemente.

Aprumou-se, fixou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. Um homem. Besteira pensar que ia ficar murcho o resto da vida. Estava acabado? Não estava. Mas para que suprimir aquele doente que bambeava e só queria ir para baixo? Inutilizar-se por causa de uma fraqueza fardada que vadiava na feira e insultava os pobres! Não se inutilizava, não valia a  pena inutilizar-se. Guardava a sua força. Vacilou e coçou a testa. Havia muitos bichinhos assim ruins, havia um horror de bichinhos assim fracos e ruins.

Afastou-se, inquieto. Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ganhou coragem, avançou, pisou firme, perguntou o caminho. E Fabiano tirou o chapéu de couro.
- Governo é governo.

Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo.
"



(...)