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27.2.09

Trabalhador rural é executado na Bahia

Um trabalhador rural foi assassinado com um tiro de espingarda nesta quarta (4), no município de Casa Nova, sertão baiano. José Campos Braga, considerado referência na luta pela terra na comunidade de Areia Grande, foi visto pela última vez na sexta (30). Deixa dez filhos.
A comunidade afirma que há duas semanas grileiros tentaram entrar na área. O fato teria sido comunicado à polícia, mas nenhuma providência foi tomada.
De acordo com nota distribuída pela Comissão Pastoral da Terra, mais de 300 famílias vivem na área de uso coletivo chamada de Areia Grande, praticando agricultura e pecuária de subsistência. Desde a década de 80, sofrem ação truculenta e violenta de grileiros, com a conivência do poder público local. Em 2008, segundo a nota, a polícia entrou na área tentando retirar, de modo brutal, as famílias para cumprir uma ordem judicial. Destruíram casas, chiqueiros e currais, roçados e cercados e exigiram a imediata retirada de cerca de 3 mil caixas de colméias de abelhas. Diante desta situação, as comunidades se mobilizaram para a retomada do direito sobre as terras de uso comum. Em 2008, pistoleiros passaram a rondar e fazer ameaças, todas denunciadas à polícia local. No final do ano, finalmente obtiveram o direito de permanecer em suas terras.
Mas a tranquilidade está longe de chegar.
do blog do Sakamoto [ Clicar Título para Link Blog Sakamaoto ]

De Chiapas à Palestina... Subcomandante Marcos

A INVESTIDA DE ISRAEL CONTRA GAZA, "CLÁSSICA" GUERRA DE CONQUISTA: MARCOS.
Hermann Bellinhausen, La Jornada, 05/01/2009.

San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 04 de janeiro.

Para os zapatistas, em Gaza há "um exército profissional assassinando
uma população indefesa", disse hoje o Subcomandante Marcos ao dedicar
uma intervenção não-programada à nova guerra em curso.

O penúltimo dia do Festival Mundial da Digna Raiva foi marcado pela
indignação diante do ataque contra a Palestina e a repressão em
Oaxaca, que horas antes havia se repetido com a prisão de 20 pessoas
que participavam de um protesto pacífico contra a invasão em Gaza
diante do consulado dos Estados Unidos.

Nas primeiras horas deste domingo, centenas de participantes do
festival, que se realiza nas proximidades de San Cristóbal, para além
dos subúrbios indígenas de La Hormiga, foram até o centro para
protestar contra a invasão e pedir a libertação dos presos da APPO.
Pelo menos, esta última demanda foi conseguida ontem à noite. A
inusitada marcha com tochas, que saiu da Universidade da Terra, fez
com que os hotéis fechassem as portas e alguns moradores lembrassem da
primeira madrugada de 1994 [dia do levante do EZLN].

Na parte da tarde, Marcos diria: "Não muito longe daqui, num lugar
chamado Gaza, um exercito fortemente armado e treinado, o do governo
de Israel, continua seu avanço de morte e destruição". Uma guerra
"clássica" de conquista. "Primeiro um pesado bombardeio para destruir
os pontos nevrálgicos e abrandar as fortificações da resistência".
Lembrou que na sexta-feira, "no mesmo dia em que nossa palavra se
referiu à violência", Condoleeza Rice declarava que o que acontece em
Gaza era "culpa dos palestinos, por sua natureza violenta".

Afirmou que continua "o férreo controle sobre o que se ouve e se vê"
no mundo, "externo ao teatro de operações", e há "fogo intenso de
artilharia sobre a infantaria inimiga para proteger o avanço das
tropas. Depois o cerco e o sítio à guarnição, e o assalto que
conquiste a posição aniquilando o inimigo".

De acordo com as fotos das agências, acrescentou, "os 'pontos
nevrálgicos' destruídos pela aviação israelense são casas de moradia,
barracos e prédios civis". Então, "pensamos que ou os artilheiros são
ruins de pontaria ou tais pontos não existem. Não temos a honra de
conhecer a Palestina, mas supomos que nessas casas, barracos e prédios
mora ou morava gente, homens, mulheres, crianças e anciãos, e não
soldados".

Talvez, opinou, "para o governo de Israel esses homens, mulheres,
crianças e anciãos são soldados inimigos, e os barracos, casas e
prédios onde moram são quartéis que devem ser destruídos. Com certeza,
os disparos de artilharia que nesta madrugada caiam sobre Gaza eram
para proteger desses homens, mulheres, crianças e anciãos o avanço da
infantaria de Israel e o destacamento inimigo que querem debilitar
nada mais é a não ser a população palestina que vive aí e que o
assalto procurará aniquilar".

Com voz quebrada expressou: "Nossos gritos podem deter alguma bomba?
Nossa palavra salva a vida de alguma criança palestina? Achamos que
sim. Talvez não detenhamos uma bomba, nem nossa palavra se transforme
em escudo blindado", mas, possivelmente, consiga unir-se a outras e
"se torne murmúrio, em seguida voz forte e depois grito que se escute
em Gaza. Todos e todas nós, zapatistas do EZLN, sabemos quanto é
importante ouvir palavras de alento em meio à destruição e à morte".

Quanto ao resto, segundo a análise de Marcos, "o governo de Israel
declarará que infligiu um severo golpe ao terrorismo, ocultará do seu
povo a magnitude do massacre e os produtores de armamentos terão tido
um breve fôlego econômico".

O povo palestino vai resistir, sobreviver e continuar lutando, confiou
o porta-voz zapatista. "Talvez, um menino ou uma menina de Gaza
sobrevivam e cresçam, e com eles cresçam a coragem, a indignação, a
raiva; talvez se tornem soldados ou milicianos, talvez enfrentem
Israel, e, então, lá em cima escreverão sobre a natureza violenta dos
palestinos, farão declarações condenando esta violência e se voltará a
discutir sobre se é sionismo ou anti-semitismo. Ninguém perguntará
quem semeou o que colhe".