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28.1.10

Aos 70 anos de idade, nas chuvas de Janeiro de 2010...

À memória da senhora Dalva Teixeira Lima, deixamos nossas palavras, que não sei se homenageiam ou não, mas trazem à memória este instinto de sobrevivência e proteção que foi mostrado em seus últimos momentos, bem próximo de nós desta banda, aqui em Itapecerica da Serra, municipio da "grande" São Paulo...
(...)

Não há como saber quais eram os planos do futuro e do "acaso" para os dias da senhora Dalva, mas o caminho para os planos a respeito de seus netos, continua desobstruído ...
Por volta de 20h30 de 19 de janeiro, 2010, deixando esclarecido qual era sua prioridade, senhora Dalva cuidou que um deslizamento não acometesse seus três netos.. O mais velho, 13 anos de idade, cuidou de salvar aos outros dois, de 7 e 2 anos de idade...
(...)

À herança da Senhora Dalva, parabéns...
E, por favor, permaneçam...
Assim como foi com vocês, em muitos e muitos pontos neste extenso território, abandono, vulnerabilidade, susto e dor vão escrevendo cenas seguidas de cenas, numa tragédia sem um fim aparente e cujo ápice do pavor é mais sentido pelos nossos, os menos favorecidos...
(...)
Somente entre o início de dezembro de 2009 e fim de janeiro janeiro de 2010 foram quase SETENTA mortes pelas chuvas, o que é mais do que em todo este mesmo período de 2008 para 2009...

Estranho que convivamos natural e passivamente com uma estimativa desse porte, de algo que poderia ser evitado em sua grande maioria...


"...E vieram as chuvas de Janeiro, e te levaram de mim..."



...

20.1.10

Estamos Abandonados...(Haiti)

Otávio Calegari Jorge - 13 de janeiro de 2010

A noite de ontem foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.

O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.

O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?

A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.

Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?

Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.

Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.

A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.

A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.

Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.

Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.

Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.

Otávio Calegari Jorge faz parte de um grupo de pesquisa da Unicamp presente no Haiti e militante do PSTU.


Texto publicado no blog do grupo: http://lacitadelle.wordpress.com/

14.1.10

Terça-Feira, 13 de Janeiro de 2010, Haiti...


Os que estavam nas ruas..
Os que estavam em hospitais que desabaram...
Os que estavam com suas famílias...
As vítimas de guerrilhas fratricidas, atentas ao pavor
que aperta de mais um lado agora...

Os que vivenciaram essa ironia sádica e inoportuna
duma ameaça bíblica que diz que
"... dos que não têm
até o pouco que têm lhes será tirado..."
('fé'?)

Os que sabem que pouco, que efetivamente resolva, se pode esperar da Organização das Nações Unidas
mas que ainda sendo pouco, traz alguma sensação de esperança...


Os que não hesitariam, hoje sob escombros, em enviar tanta ajuda quanto possível se a tragédia fosse acontecida com um outro povo,
Não importando se quatro quintos de sua população vive abaixo da linha da pobreza...

Os que agora, mantêm as esperanças de que
seus queridos estejam vivos sob o entulho e o desastre...

Os que agora, passam as noites ao relento, temendo outro tremor,
acompanhados de escombros e de corpos...

E que convivem e vão conviver dias e dias a fio com o ambiente mefítico,
ao som da sinfonia de rezas, choro, cânticos religiosos, fraturas expostas,
traumatismos infecções, zunido de máquinas, remoção de destroços,
euforia de saques, contenção militar e poeira...

Não há nada que uma postagem pobre como essa
possa fazer por eles, mesmo que não anseie causar comoção...

Não há o que se diga daqui, da segurança de nossas paredes
que os conforte, em seus dias de tragédia e corpos putrefando ao lado de seus leitos...

Nem que restitua-os de suas perdas, nem ao menos algo que lhes conforte as mãos,
feridas, sangrando, das tentativas de retirar escombros de cima dos seus, com as mãos nuas...

Não temos as melhores, mais seguras e confortáveis ruas,
mas em suas, os líquidos das centenas de milhares de vítimas já ganham caminho...

Saberem ou não que nossos corações "daqui de baixo"
anseia e se aperta por eles, como se fosse bem aqui conosco
pode soar até hipócrita e ofensivo...

E no mais, o que fica são só nossos lamentos e uma admiração
pelo espírito livre a qualquer custo, vencedor a qualquer custo...

Sob qualquer condição...

Que a sua expectativa de vida média de 60 anos não diminua...

Não agora.

Não depois de terem sobrevivido à exploração espanhola e francesa...
À ocupação americana de Woodrow Wilson...
Papa Doc...

Baby Doc...

Jean Bertrand Aristide...

O mais baixo salário, a pior condição de vida de todo o continente americano...

Os furacões de 99...

Os furacões e tempestades de Agosto e Setembro de 2008...

A situação de guerra sob o manto do pacifismo mantida pelas tropas internacionais,
sob tutela brasileira...

Três dias antes do terremoto de 13 de Janeiro, a escola La Promesse em Pétionville, periferia leste de Porto Príncipe, desabou.
A construção, feita sem qualquer tipo de autorização técnica ou norma de construção, foi obra do pastor protestante Fortin Augustin,
que não possuía antecedentes e já se entregou à polícia...
700 pessoas estavam no colégio, no momento...
150 feridos...
93 mortos...

...

13.1.10

Plano Nacional de Direitos Humanos e as brasas que se apagaram uma outra vez...

Não foram recebidos com euforia os 521 pontos do Programa Nacional de Direitos Humanos(PNDH), lançada em fins de dezembro passado (23 de dezembro, 2009). Uma meia dúzia de (milhões de) pobres aqui, uma meia dúzia de (parasitas históricos) ricos ali, a imprensa dando muito mais atenção as reivindicação de setores “ofendidos” (bons pagantes, anunciantes, investidores, gente fardada...) ... Só...

Em janeiro de 2010 já se anunciava a décima edição de “Big Brother Brasil”... “A fazenda” seguia sua segunda edição com centenas de milhares de ligações votando quem permaneceria e quem sairia da “clausura”... A um contingente enorme viciado nesse prazer rápido e pouco comprometido, coisas assim, como o PNDH aparece muito “sem sabor”, pouco chamativo... Mesmo dos setores e sub-setores alternativos não se obteve muita atenção ao fato... E por fim, nessa altura do campeonato, o presidente já deixava esclarecido que retrocederia em tantos e tantos pontos... Estivemos cara a cara com a chance de realização de dezenas de reivindicações de longa data... Vislumbramos... Nossos corações puderam estar em brasa viva uma vez mais... E tudo se foi.
Na quinta feira, 07 de Janeiro de 2010 a senadora Kátia Abreu, do (pseudo) Democratas de Tocantins, colocou seu busto ao vento contra a nova proposta de Direitos Humanos...

A senadora Kátia Abreu , em
entrevista ao sitio “UOL Notícias”, se demonstrou descontente e pertencente a uma classe discriminada nestas emendas propostas... (Bem, realmente, são poucos os que têm tanto dinheiro assim, uma “minoria” talvez eles sejam mesmo...!)... O que não vai muito além de uma apropriação de discurso. Numa terra sofrida igual ao Brasil, o “coitadismo” tem preferência na fila...

A senadora Kátia Abreu não concorda que para as áreas ocupadas, por exemplo pelo MST – e que ela insistentemente trata por “invadidas” - tenha seu destino decidido através duma audiência pública, que envolva os dois lados: os trabalhadores e trabalhadoras (que efetivamente merecem seu lugar para viver e de fato ser), e os verdadeiros invasores (usurpadores antigos, criminosos legalizados pelo poder aquisitivo), os latifundiários... Segundo ela, isso é uma corroboração com o “crime”...
A senadora Kátia Abreu deixa bem esclarecido que, ao menos no tocante à patota do monstruoso agronegócio, o presidente (é, ele mesmo, o manda-chuva da república...) não vai ter muita opção, senão tornar atrás...

A senadora Kátia Abreu considera “Ideológico” o Programa Nacional de Direitos Humanos... Ela o considera desrespeitoso. O
deputado estadual Zé Teixeira (DEMoníacos, MS) também considera assim. Ele é agropecuarista.

A senadora Kátia Abreu é a presidente da Confederação Nacional dos Agricultores. E essa informação deve bastar para sabermos seus motivos sinceros e seu ímpeto nesse embate.

Pequenos agricultores, famílias inseridas no campesinato, pequenos produtores, trabalhadores rurais... Eles não importam, todos estes tantos e tantos sob o malefício do carrasco legalizado instituído do agronegócio. Só o verdadeiro setor a que pertence essa senhora senadora Kátia Abreu importa a ela agora, e isso, escondido sob o manto da defesa dos direitos do povo... Isso faz seu coração arder...

A população não foi chamada a decidir essa questão.

“jamais poderia” é a objeção primeira. ..

“Não tem condições de julgar de modo imparcial a uma questão de tanta magnitude”...

“Há pessoas capacitadas e instituídas para realizar esta tarefa”...

Coisas desse tipo invadem a cabeça tanto de quem de fato legisla, quanto de quem é legislado. Contudo, essas questões, uma a uma, poderiam – e deveriam, penso – ser passadas a padrões simples de comunicação, em linguagem simplificada, e uma meia dúzia de cabeças brancas não deveriam decidir o que seria melhor a tanta gente. Quer padeça, quer folgue, que toda a nação o faça por seu próprio mérito. Daí, teríamos o Sufrágio Universal por direito. Seríamos apresentados à democracia de fato.

São os nossos direitos. Nos dizem respeito. Que a decisão seja coletiva e que sejam nossas as escolhas por nós e para nós mesmos. Nossos interesses não são os dos latifundiários, agropecuaristas, dos interventores religiosos, dos militares que publicamente se amedrontam sobre remoerem seu passado...

Que os direitos humanos nos sejam mais caros do que os de consumidor e que nosso coração arda em brasa viva ao menos uma vez mais...

[Uma vaga opinião de] Augusto Miranda



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O Último Discurso...

“O Grande Ditador” [ Chaplin...]

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.




O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.


Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.

Ergue os olhos, Hannah!



Ergue os olhos!

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7.1.10

O Gulag e a garotinha

Trecho extraído da edição de comemoração dos 90 anos da Revolução Russa,
da revista "História Viva" edição 18 [ Grandes Temas ]...
“Vera, pequena prisioneira de um dos muitos campos para crianças, quando colocada diante do desenho de uma casa não soube dizer o que era aquilo. Anastas, um pouco maior que ela, respondeu rápido: um alojamento. Diante de um gato rabiscado sobre o papel os dois ficaram mudos: nunca haviam visto o bicho. Vera se alegrou quando conseguiu finalmente dar o nome para algo que reconhecia cotidiano e nítido. diante do desneho de cruzes de arame farpado dispostas em um círculo, a menina gritou encantada por seu acerto: a zona prisional.”

[Professora Salete Oliveira, do Departamento de política da USP, na matéria "Mulheres na Revolução Russa"]

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2.1.10

30 de Julho, quatro anos atrás!

Bem legal termos encontrado esta foto do evento em que nos apresentamos pela primeira vez.
Foi o evento do "Cefam", o do dia 30 de Julho de 2006...
Na foto quem se apresenta é o "Boneca Costurada" (atividades encerradas...), tocou logo na sequencia da gente, que na época, ainda era o "Blandina"...
Neste Link, uma outra postagem sobre este mesmo evento...
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