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29.8.08

Crack, cachaça e maconha mascaram esforço e dor

da Folha de São Paulo – Caderno Mais!
O primeiro fumava maconha na colheita da cana porque "ficava com o corpo mais leve. Dava vontade de trabalhar". O segundo escondia cachaça em sua mochila. "Quanto mais eu bebia, mais tinha energia. Eu me sentia forte."

O terceiro "ia embora" com maconha ou crack, subproduto barato da cocaína ainda mais destrutivo e capaz de criar dependência. "Quando usava, ninguém me segurava. Cortei 21 toneladas em um dia."

Na Casa do Caminho, um centro de recuperação de dependentes quími
cos em Barrinha, na maioria trabalhadores do cultivo da cana, eles tentam voltar à tona. O primeiro trocou a maconha pelo crack. "Na roça, vinha a sensação de ser perseguido, eu ficava com medo, via revólver, dava vontade de atirar em mim mesmo. Não trabalhava. Comecei a perder o serviço."

O segundo foi do fermentado de cana-de-açúcar para o crack. Se fumava a droga, misturada com fumo, faltava ao trabalho. "No crack, o fim é o cemitério, uma cadeira de rodas ou a cadeia." O terceiro "ficava louco e continuava trabalhando. Viajava no serviço. Gritava e zoava a cabeça dos meninos.

Cantava reggae". Seu plano para qua
ndo sair: cortar cana. Não se conhecem estatísticas de consumo de drogas ilícitas nos canaviais ou o índice específico de internação de cortadores. O fato novo é a disseminação no interior de São Paulo de clínicas de recuperação de trabalhadores da cana. Contam-se ao menos dez.

Os depoimentos dos lavradores associam o consumo de drogas à impressão inicial de superação dos limites físicos. Na largada, elas parecem ajudar. Depois, debilitam. A Casa do Caminho abriga 40 internos. Seu presidente, Arnaldo Garcia, afirma que as fontes de financiamento são diversas. As usinas contribuem com açúcar e lenha. foto de Rubens T. Carvalho

19.8.08

"...No Matadouro..."

"in the slaughterhouse"
Obra de Lovis Corinth , Alemanha, em 1893. ..

14.8.08

Depois de Tudo, tenha seu Descanso, Senhor Tony...

19, Abril - 1973 ... 01, Agosto - 2008

na foto, Tony + Agathocles, em São Caetano/ São Paulo, dia 28 de Novembro, 2007 ( Foto por Mané )


"Continua o martírio das criaturas:
-- O homicídio nas vielas mais escuras,
-- O ferido que a hostil gleba atra escarva,
-- O último solilóquio dos suicidas
-- E eu sinto a dor de todas essas vidas
.Em minha vida anônima de larva!"

[ Augusto dos Anjos -" MONÓLOGO DE UMA SOMBRA"]










Na foto, Tony + Augusto, em São Caetano/SP,

dia 28 de Novembro, 2007 ( Foto por Mané )



Agathocles com a banda Rebelion Disidente, no Perú. Foto enviada pelo grande amigo do Equador, Mario Coello.

7.8.08

"LEGALIZADO" NÃO é o mesmo que "OBRIGATÓRIO"( O Aborto...)




NÃO SOMOS INFANTICIDAS, esclareça-se isso.


Claro que necessário se faz dizer que da mesma forma que VOCÊ NÃO PRECISA SER HOMOSSEXUAL PARA DEFENDER O HOMOSSEXUALISMO (!), você NÃO É OBRIGADO A ABORTAR somente por quê O ABORTO É (seria...) LEGALIZADO(!!).


Quando se fala sobre legalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (aborto), falamos muito antes do direito e acesso a ela, incluso aquí o direito de o NÃO REALIZAR. O que tira do horizonte de meu entendimento os motivos pelos quais órgãos religiosos e demais segmentos partidários instam contra sua legalização. De minha pequenice entendo que é cabível a eles, dentro de suas crenças pessoais e regras de fé, a orientação aos de seu círculo de convívio e patrícios de fé e partido sobre a prática... Mas agem exatamente em oposição ao direito de escolha duma alternativa diferente a que eles fazem, baseado numa premissa absurda de "moral" e de que D(d?)eus "escolheu a vida que está no ventre" - em demérito de pontos que, a nós, são fundamentais...


Qual a garantia de que a vida "escolhida" é a do ventre e não a da mãe? (as passagens de Jeremias só são válidas para os que seguem a bíblia como regra de fé; a menção delas como ponto de partida para nós, não-participantes da mesma "fé", soa um tanto como "imposição"...)


Em caso de risco para a gestante se opta pelo aborto, não sendo necessário aquí a consulta às escrituras e a D(d?)eus... Bem, quer isso dizer então que, nem sempre será necessário, uma consulta aos nossos "superiores"??? Bem, me faz pensar sobre utilidade do divino...


Em total diferença ao que se possa vender como imagem, ser "Pró-Aborto" é ser "Pró-vida", Pró-liberdade", "Pró-Saúde". Digo isso, sendo eu responsável por três crianças (lindas, pelas quais vivo, protesto e berro), e já me perguntaram justamente se eu "gostaria que eles tivessem sido abortados" (risos)... Bem, tentando continuar a discorrer sobre o assunto isento de "perseguicionismos" e "choraminguisses" que só visam gerar empatias, pra se ganhar pontos a favor na defesa do tema, eu ressalto que gostaria muito que minhas crianças crescessem tendo a alternativa da escolha, e que a exemplo delas, seus colegas de escola e trabalho, não vissem com olhares inquisidores alguém que recorreu a prática ( uma escolha...), sendo que isso inclusive, é algo extremamente íntimo e delicado, não deveria ( ou deverá, quem sabe...) jamais ser trazido a público. E respondendo À saudosa pergunta, NÃO, eu não queria que eles tivessem sido abortados, o que nos arremete ao que disse previamente, sobre o direito de NÃO ABORTAR!


Vende-se então essa imagem de um processo dolorido, em que a "criança" grita, esperneia, escreve textos melodramáticos que serão usados em powerpoints sentimentalóides, faz orações... mas arremetemo-nos ao fato de que, na hipótese mais imediata, as sensações, incluindo a de DOR, só passam a ser um fato a partir da sétima semana, e outros segmentos aceitam hipóteses de que somente no segundo ou terceiro trimestre haverão ligações neurais para tal. Isso sem mencionar os que defendem que a capacidade de sentir dor é ligada ao desenvolvimento da mente e portanto, só acontece após o nascimento. Claro que não tenho agora de cabeça, fontes confiáveis de medicina a citar e que essas informações são as mais wikipedianas que tenho pra apresentar, mas melhor uma informação mesmo que ainda escassa do que engolir a seco uma moral alheia que em nada me diz respeito ou agrega.


Quanto ao número (gigante!) de mulheres que morrem por ações clandestinas de abortos, até quando vamos escutar aquela LADAINHA IMBECIL do "Quem mandou não ficar de pernas fechadas?", "Se fechasse as pernas não tinha morrido...", "ela não se cuida e agora a criança é que paga?"... Pffh! Nós simplesmente não cansamos de repetir sobre como nossa educação é precária, a informação é lenta e coisas do tipo, e ainda acusamos alguém por não se prevenir... e ainda pra sentar por cima das próprias fezes, convencionamos que o castigo dado a mulher pelo instintivo pecado do sexo é a gestação, e sem que percebamos, dizemos a essa criança que ela só existe pra que sua mãe se arrependa e pague por esse erro (!).

E a exemplo do acesso legalizado às armas de fogo, o aborto criminalizado é o mesmo que o aborto acessível somente aos ricos e seus filhos e filhas. Por que somos a favor duma vida em periferias com menos indíces de violência, de depressão, de miséria; Por que somos a favor de alguém poder ter sua intimidade com liberdade de consciência e segurança; Por que gostaríamos que nossas crianças se tornassem adultos com o direito de decidirem sobre seus corpos e não terem de morrer por isso; Por que gostaríamos de poder dizer "EU QUÍS...", e não sermos obrigados a dizer "EU TIVE QUE..."; Por tudo isso, e mais, mantemos nossa postura e engrossamos o coro Pró-Escolha.


ABORTO LEGALIZADO, NÃO É ABORTO OBRIGATÓRIO.


Augusto


na foto, escrito na barriga: "MEU BEBÊ É PRÓ-ESCOLHA"