NÃO SOMOS INFANTICIDAS, esclareça-se isso.
Claro que necessário se faz dizer que da mesma forma que VOCÊ NÃO PRECISA SER HOMOSSEXUAL PARA DEFENDER O HOMOSSEXUALISMO (!), você NÃO É OBRIGADO A ABORTAR somente por quê O ABORTO É (seria...) LEGALIZADO(!!).
Quando se fala sobre legalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (aborto), falamos muito antes do direito e acesso a ela, incluso aquí o direito de o NÃO REALIZAR. O que tira do horizonte de meu entendimento os motivos pelos quais órgãos religiosos e demais segmentos partidários instam contra sua legalização. De minha pequenice entendo que é cabível a eles, dentro de suas crenças pessoais e regras de fé, a orientação aos de seu círculo de convívio e patrícios de fé e partido sobre a prática... Mas agem exatamente em oposição ao direito de escolha duma alternativa diferente a que eles fazem, baseado numa premissa absurda de "moral" e de que D(d?)eus "escolheu a vida que está no ventre" - em demérito de pontos que, a nós, são fundamentais...
Qual a garantia de que a vida "escolhida" é a do ventre e não a da mãe? (as passagens de Jeremias só são válidas para os que seguem a bíblia como regra de fé; a menção delas como ponto de partida para nós, não-participantes da mesma "fé", soa um tanto como "imposição"...)
Em caso de risco para a gestante se opta pelo aborto, não sendo necessário aquí a consulta às escrituras e a D(d?)eus... Bem, quer isso dizer então que, nem sempre será necessário, uma consulta aos nossos "superiores"??? Bem, me faz pensar sobre utilidade do divino...
Em total diferença ao que se possa vender como imagem, ser "Pró-Aborto" é ser "Pró-vida", Pró-liberdade", "Pró-Saúde". Digo isso, sendo eu responsável por três crianças (lindas, pelas quais vivo, protesto e berro), e já me perguntaram justamente se eu "gostaria que eles tivessem sido abortados" (risos)... Bem, tentando continuar a discorrer sobre o assunto isento de "perseguicionismos" e "choraminguisses" que só visam gerar empatias, pra se ganhar pontos a favor na defesa do tema, eu ressalto que gostaria muito que minhas crianças crescessem tendo a alternativa da escolha, e que a exemplo delas, seus colegas de escola e trabalho, não vissem com olhares inquisidores alguém que recorreu a prática ( uma escolha...), sendo que isso inclusive, é algo extremamente íntimo e delicado, não deveria ( ou deverá, quem sabe...) jamais ser trazido a público. E respondendo À saudosa pergunta, NÃO, eu não queria que eles tivessem sido abortados, o que nos arremete ao que disse previamente, sobre o direito de NÃO ABORTAR!
Vende-se então essa imagem de um processo dolorido, em que a "criança" grita, esperneia, escreve textos melodramáticos que serão usados em powerpoints sentimentalóides, faz orações... mas arremetemo-nos ao fato de que, na hipótese mais imediata, as sensações, incluindo a de DOR, só passam a ser um fato a partir da sétima semana, e outros segmentos aceitam hipóteses de que somente no segundo ou terceiro trimestre haverão ligações neurais para tal. Isso sem mencionar os que defendem que a capacidade de sentir dor é ligada ao desenvolvimento da mente e portanto, só acontece após o nascimento. Claro que não tenho agora de cabeça, fontes confiáveis de medicina a citar e que essas informações são as mais wikipedianas que tenho pra apresentar, mas melhor uma informação mesmo que ainda escassa do que engolir a seco uma moral alheia que em nada me diz respeito ou agrega.
Quanto ao número (gigante!) de mulheres que morrem por ações clandestinas de abortos, até quando vamos escutar aquela LADAINHA IMBECIL do "Quem mandou não ficar de pernas fechadas?", "Se fechasse as pernas não tinha morrido...", "ela não se cuida e agora a criança é que paga?"... Pffh! Nós simplesmente não cansamos de repetir sobre como nossa educação é precária, a informação é lenta e coisas do tipo, e ainda acusamos alguém por não se prevenir... e ainda pra sentar por cima das próprias fezes, convencionamos que o castigo dado a mulher pelo instintivo pecado do sexo é a gestação, e sem que percebamos, dizemos a essa criança que ela só existe pra que sua mãe se arrependa e pague por esse erro (!).
E a exemplo do acesso legalizado às armas de fogo, o aborto criminalizado é o mesmo que o aborto acessível somente aos ricos e seus filhos e filhas. Por que somos a favor duma vida em periferias com menos indíces de violência, de depressão, de miséria; Por que somos a favor de alguém poder ter sua intimidade com liberdade de consciência e segurança; Por que gostaríamos que nossas crianças se tornassem adultos com o direito de decidirem sobre seus corpos e não terem de morrer por isso; Por que gostaríamos de poder dizer "EU QUÍS...", e não sermos obrigados a dizer "EU TIVE QUE..."; Por tudo isso, e mais, mantemos nossa postura e engrossamos o coro Pró-Escolha.
ABORTO LEGALIZADO, NÃO É ABORTO OBRIGATÓRIO.
Augusto
na foto, escrito na barriga: "MEU BEBÊ É PRÓ-ESCOLHA"
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