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16.11.09

Honduras abala a Doutrina Monroe...

Matéria extraída da (ótima) edição de outubro da Caros Amigos (a quetem o Ferréz na capa)



Por José Arbex Jr.


A “crise de Honduras” sintetiza e ilumina um momento histórico ímparna história mundial. Pela primeira vez desde 1823, quando James Monroeformulou a doutrina que leva o seu nome (“a América para osamericanos” - quanto, de fato, tinha em mente “a América para osestadunidenses”), Washington, nitidamente, perdeu o controle e ainiciativa sobre os desenvolvimentos políticos e sociais na AméricaLatina e no Caribe.


O papel assumido pelo Brasil, nesse quadro, tem dimensão explosiva: emnome dos princípios democráticos que devem nortear a relação entre osEstados, o governo brasileiro não se limitou a “condenar” o regimegolpista, nem se contentou com sanções limitadas. Isso pode inauguraruma nova etapa na relação do Brasil com a comunidade mundial dasnações, e abrir o caminho para novos desdobramentos democráticos naAmérica Latina.


Exagero? Excesso de otimismo? Precipitação na análise política?Dificilmente. Vamos aos fatos:1. A América Latina e o Caribe tornaram-se mais importantes do quenunca para os Estados Unidos, após o fiasco no Iraque e noAfeganistão. Não “apenas” porque as reservas estratégicas de petróleoestadunidenses estão esgotadas, mas também por tudo o que representa aAmazônia em termos de reservas de petróleo, biodiversidade, minerais e água.


2. Apesar disso, Washington fracassou em todas as suas tentativasrecentes de “eliminar os obstáculos” ao seu controle da região. Nãoconseguiu tirar Hugo Chávez do poder, no golpe desferido em abril de2002; fracassou ao tentar fabricar uma guerra civil para eliminar ogoverno de Evo Morales, em 2008; e, talvez mais humilhante ainda: aotentar prolongar o acordo que permitia o funcionamento da base militarde Manta, no Equador, teve que aceitar o tapa na cara desferido porRafael Correa (o presidente equatoriano respondeu que, sim, topariarenovar o contrato, se os Estados Unidos admitissem a instalação deuma base militar equatoriana na Flórida!).


3. O golpe em Honduras se inscreve nesse quadro geral. Os golpistashondurenhos conseguiram, momentaneamente, aquilo que os demaistentaram sem sucesso. Acreditar que as oligarquias hondurenhasarquitetaram o golpe sem o conhecimento da embaixada dos EstadosUnidos é prova suprema de ingenuidade ou má fé (ou uma mistura dosdois). O embaixador estadunidense em Tegucigalpa foi colocado no cargopela turma de George Bush filho. É partidário incondicional daDoutrina Monroe. É até possível que Barack Obama tenha sido pego desurpresa, mas jamais os serviços secretos dos Estados Unidos. Emqualquer hipótese, é bastante óbvio que Washington, por mais que tenhacondenado o golpe, não ficou nada feliz com a adesão do presidentedeposto Manuel Zelaya à Alba e ao Petrocaribe.


4. Barack Obama emite sinais contraditórios e incoerentes, o que é umaprova de falta de um plano estratégico para enfrentar a situação. Oufalta de força para aplicar de forma coerente e decidida umaestratégia qualquer. De um lado, Obama proclama “o fim da era em queos Estados Unidos davam as cartas” na América Latina. De outro lado,prolonga o boicote econômico a Cuba, mantém o Plano Mérida para oMéxico e para a América Central, e o de instalações de bases militaresna Colômbia.


5. Mas Obama enfrenta uma inédita demonstração de resistência ereprovação por parte da imensa maioria dos governos latino-americanos.É nesse ponto que ganha grande relevância o papel assumido peloBrasil. Nos últimos meses, o presidente Luís Inácio Lula da Silvaemitiu claros sinais de uma “virada à esquerda” na política externa.Ao anunciar a descoberta do pré-sal, por exemplo, denunciouimediatamente os movimentos da Quarta Frota dos Estados Unidos(encarregada de “vigiar” os mares da América Latina e do Caribe),estabelecendo um nexo entre as coisas. Depois, Lula demonstroupreferência pelos aviões de guerra da França, sob alegação de que aestadunidense Boeing não transfere tecnologia. Em seguida, Lulacondenou o prolongamento do bloqueio a Cuba e declarou a intenção deinterpelar Barack Obama sobre o assunto. Finalmente, o Brasil acolheuManuel Zelaya como presidente legítimo de Honduras.


José Arbex Jr. é jornalista



Para ler o artigo completo e outras reportagens confira a edição deoutubro da revista Caros Amigos...





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